quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Fiction

Todos os dias morrem centenas (senãlo milhares) de pessoas em todo o mundo. E contudo ela move-se... Mas é triste, devastador, quando é alguém por quem nutrimos alguma espécie de sentimento positivo.
Sinto a falta do Jimmy. James Owen Sullivan, que o mundo conhecia como The Reverend Tholomew Plague ou, simplesmente, Rev. Sem dúvida, um personagem. No entanto, uma mente criativa como já há poucas, um génio musical, único em todos os aspectos.
Cheguei a conhecê-lo pessoalmente, ainda que tenha sido um encontro, no mínimo, de terceiro grau. 
Perturba-me que tenha partido com apenas 28 anos, de uma forma tão misteriosa e bizarra. Na verdade, toda a sua vida foi bastante bizarra. Como uma obra de ficção. 
Todos os dias morrem centenas (senão milhares) de pessoas, mas nem todas elas mereciam essa triste sina. Jimmy era uma delas. Qualquer um podia comprovar que se tratava de alguém alegre, divertido, talvez até louco, mas poucos foram os que conheceram o seu outro lado: o lado negro, o lado triste, que agora podemos comprovar pelas letras que escreveu antes da sua morte. Seria um fim anunciado? As suas palavras parecem não deixar grande margem para dúvidas. Ao ouvir a canção Fiction, não consigo evitar pensar que talvez a sua morte não tenha sido apenas um infeliz acaso. Estava escrito. E isto leva-me a outra questão importante: estará tudo escrito? Serão as nossas vidas apenas um teatro de marionetas, em que nós, seres humanos, somos os bonecos e Deus, o Todo-Poderoso, o nosso Master of Puppets? Não acredito em Deus, a maior parte do tempo; mas quando soube que o Jimmy tinha morrido, acreditei Nele por breves instantes. A única explicação reconfortante para a sua morte é aquela que já os meus avós usavam sempre que morria alguém de bem: Deus leva as pessoas boas mais cedo, porque as quer poupar ao sofrimento de viver neste Mundo. 
 Não consigo não relacionar tudo isto com a Filosofia. Se nascemos para morrer, porquê nascermos, em primeiro lugar? Começamos a morrer assim que nascemos e cada dia é apenas mais um passo para esse Fado. Então porque é que estamos aqui? Porque é que rasgamos o ventre às nossas mães, chorando logo a seguir? Será esse choro um prenúncio de morte? Será tudo o que fazemos um passo para a cova? É difícil não achar que a vida é em vão, quando pessoas que nos são queridas partem sem dizer adeus e deixam esse grandioso Projecto que é a vida, inacabado.
Penso nisto tudo. Penso na Vida e na Morte, nas pessoas que perdi, quer por obra do Ceifeiro, quer por qualquer outro motivo, e não consigo parar de pensar. Não consigo parar de questionar tudo à minha volta, quase como um Existencialista, até que, por fim, só sobra o vazio. O vazio é tudo. 
Não consigo perceber porque é que alguém que faz falta neste mundo foi levado para o outro. Se é que há um Outro Mundo... Gosto de acreditar que sim, que existe esse Sítio Melhor de que toda a gente fala, e que o Jimmy, juntamente com todas as pessoas maravilhosas que alguma vez viveram, está agora nesse mesmo sítio. Porque ele merecia um sítio assim, onde pudesse descansar e ser feliz, já que em vida nunca o foi realmente. 
 E é isso que perseguimos incessantemente: o mito da felicidade. E ela teima em não existir. Então, se sabemos que a felicidade não existe realmente, porque continuamos a persegui-la? Porque é que vivemos? O que estamos aqui a fazer? Um dia, alguém descobrirá as respostas a estas questões, matematizá-las-á, traduzilas-á para todas as línguas e dialectos do mundo, explicalas-á através de simbologia... Mas, enquanto esse dia não chegar, vou vivendo. Trilhando o meu caminho, dia após dia. Sei que vou morrer no fim, ainda não sei como, nem quero saber. Mas enquanto aqui estiver, quero ser como o Jimmy: criar. Criar muito, deixar uma obra, ser louca! Porque ninguém o esqueceu e nunca ninguém o esquecerá.
Pelos vistos também eu sou louca em perseguir o mito da Eternidade...


Já passei por muito nesta vida, talvez mais do que aquilo que considero que merecia. Porque sou boa pessoa, talvez, porque não traio ninguém, porque não faço más acções, não voluntariamente... E percebo como este mundo pode vencer por completo um Homem. Este mundo cão.

E contudo, ela move-se...



Dedicado à memória de

Jimmy "The Rev" Sullivan

Que perdure até à Eternidade, mesmo que esta não exista.



terça-feira, 9 de novembro de 2010

Segredos

Estou, neste preciso momento, a ver o PostSecret, um blog que a minha querida Kaoru me mostrou, e várias coisas me vêm à cabeça quando penso em "Segredos". A primeira coisa de que me lembrei foi do programa "A Casa dos Segredos", que não costumo acompanhar, mas sei que é um reality show no qual os candidatos têm que descobrir os segredos uns dos outros. Depois, lembrei-me desta canção:

http://www.youtube.com/watch?v=gPDcwjJ8pLg&ob=av2e

"Dirty Little Secret", dos All American Rejects.

E depois, lembrei-me de todos os segredos que sei. E de como é irónico que os saiba, uma vez que são segredos.

Sei que uma pessoa que conheço é homossexual. Sei que uma pessoa que conheço trai a namorada. Sei que uma pessoa que conheço secretamente inveja a sua melhor amiga. Eu prórpria tenho os meus segredos. Todos nós os temos e todos nós mentimos para os proteger. Todos nós temos "esqueletos no armário". Temos os pequenos segredos, que toda a gente, como o facto de eu ter um fraquinho por um rapaz da minha turma. Não quero que ninguém saiba, mas toda a gente já percebeu, portanto não é propriamente secreto. Ou os tesourinhos deprimentes que tenho no MP3, e que acho que toda a gente tem.

Depois, há os segredos "médios", digamos assim. Aqueles que contamos à melhor amiga (ou melhor amigo), mas algum de nós acaba por se "descoser" a alguém e a notícia espalha-se, muitas vezes mutando-se à medida que mais e mais pessoas a vão passando de boca em boca.


E então há os grandes segredos. Aqueles que não contamos a ninguém, nem ao melhor amigo, nem à mãe, nem ao psicólogo, nem ao gato, porque se alguém o souber, alguém o vai dizer a alguém, que o dirá a alguém. Não tenho segredos desses, felizmente, porque grandes segredos são armas letais. Ter um grande segredo é ter uma arma apontada à nossa própria cabeça.

Bem, na verdade, tenho um. Mas tento esquecer-me dele o mais que posso, não vá a minha língua atraiçoar-me.

No vídeo cujo link aqui publiquei, "Dirty Little Secret", vemos várias pessoas a segurar folhas de papel onde confessam os seus segredinhos. Aqui ficam alguns dos meus.









E vocês? Têm segredos?

Beijos e palavras,

Mariana*

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Starlight

Oh Starlight, don't you cry
Don't you cry, we're gonna make it right
Before tomorrow...
Oh Starlight, don't you cry
We're gonna find a place where
We belong
Before it's dawn.
And so you know,
you'll never shine alone.


Slash ft Myles Kennedy "Starlight"


Começo este meu novo blog com esperança. Esperança de que tudo esteja bem antes de amanhã. Esperança de encontrar um lugar onde possa pertencer. Esperança de nunca ter de brilhar sozinha. Porque estou cansada de estar cansada. E sinto falta das palavras, como diria José Luís Peixoto. Daquelas palavras que me aquecem o coração. Por agora, vai-se aquecendo com as palavras de Myles Kennedy, em cima transcritas.
Alguém disse que Algures, neste vastíssimo mundo, existe a nossa metade. Se a minha estiver a ler isto, acuse-se!
Preciso da minha metade. Ser meia pode tornar-se bastante solitário, às vezes...

Espero, contudo, que as minhas palavras solitárias de metade possam inspirar muitas outras metades por este mundo fora, metades sozinhas e incompletas, a procurar a sua outra metade. Quem sabe se a minha não estará mais perto do que imagino?

Beijos e palavras,

Mariana.